sábado, 18 de dezembro de 2010

Dia pós fim

Ela se levantou atrasada como sempre. Não tinha forças para se arrumar correndo e sair. Não havia dormido, as lagrimas a acompanharam por mais uma noite inteira. Se arrumando viu seus olhos no espelho. Não se lembrava da ultima vez que os vira tão vermelhos e molhados. Arrumou-se e ao sair calçou o seu tênis. Aquele nome ainda estava ali, como um cartaz a lembrando que havia tudo acabado. Não tinha tempo para remover aquelas seis letras tão perturbadoras. Saiu correndo como já fizera tantas vezes para encontrar alguém. Só que dessa vez não havia ninguém a esperando, não havia lugar nenhum para voltar. O vazio a preenchia e as lagrimas molhavam sua face, não conseguia prestar atenção em nada e o nome escrito no tênis gritava nos seus passos apressados. “ACABOU! SUA TOLA TONTA! BEM FEITO PARA VOCÊ. SERIA BOM SE PRESTASSE ATENÇAO NOS SEUS SENTIDOS E NÃO NO SEU MALDITO CORAÇAO SOLITARIO...”
   Não tinha forças para correr de um lugar para o outro, estava tendo que passar por todos os lugares que ela considerava os lugares pré- DELE, onde sempre passava para se entregar a ELE. Mas dessa vez tudo estava tão diferente, ela não corria mais para ELE, seus passos vacilavam e as pessoas passavam rapidamente sem notar a garota chorando em meio à multidão. Não havia ninguém a esperando, não havia um lugar nem uma pessoa para voltar.
  Ao atravessar uma rua ouviu uma voz dizendo “não chora não moça” ela queria ter visto o rosto de quem havia dito isso, mas as lagrimas nos seus olhos eram tantas que apenas davam uma turva visão para ela. Chorou. Chorou muito, não havia mais nada para ela em lugar nenhum, jamais havia chorado tanto em frente a pessoas desconhecidas. No 3º andar ficou contemplando a queda que ela poderia ter daquela sacada. Mas estava sem forças, não conseguiria subir na mureta para se jogar, não conseguiu nem ao menos parar de chorar. Nunca estivera tão só antes. Agora naquela sala de espera todos a olhavam chorar com pena. Ela tentava parar, mas aquilo era mais forte. Pobre e tão fraca criança.
   Suas pernas voltaram a levá-la por lugares que eram “DELES” lugares onde juntos caminharam dois apaixonados. Para descansar ela sentou-se num banco onde eles haviam se sentado. Lembrou do sorriso DELE quando abriu o lanche que ela havia preparado para ele. Não agüentou ficar ali e saiu o mais rápido que pode, passando por lugares que haviam sido DELES. O banco que ela estava sentada lendo “Feliz Ano Velho” no segundo encontro deles. Perdeu-se em suas lagrimas e pensamentos. Lembrava de quando o abraçava e o beijava esperando que os carros parassem para que eles atravessarem. Tão perdida não foi capaz de achar o banco do ultimo encontro feliz que eles apaixonados tiveram. Começou a busca incessante por um presente para ELE. Andou tanto se cansou. Ela achava que Deus O havia dado para ela não ser mais tão só. Desistiu.
   Passaria um tempo com os amigos. Julgou que se sentiria bem no meio deles. Estava errada como sempre. Não conseguiu se sintonizar aos amigos. Estavam juntos separados por uma cratera. Havia uma cratera dentro dela. Sentia inveja do casal que estava ali. Queria tanto, precisava tanto de um abraço DELE. Não agüentou, se despediu logo dos seus amigos e caiu fora. Ela não era a mesma ELE a mudara, estava perdida de agora em diante. Ela não se lembrava mais de como fingir. “Como era mesmo fingir sorrir?”
   Conseguiu comprar o livro que ELE tanto queria, se sentia exausta, suas forças se esvaíram. Não tinha forças nem para chorar. Agora queria fazer planos, para tentar ter ELE de volta. Cansada. ELE disse que não há mais jeito. O vazio. O vinho. Game Over para ela.

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